SERINGAL
Sangra, seringueira, sangra,
que não és milho,
não és mandioca,
nem feijão.
O teu sangue não sustenta,
não é comida
ao homem,
ao gado,
nem mesmo ao cão.
O milho, a mandioca, o
feijão,
cumprem seu fado,
dão frô e fruto,
são comida pro matuto.
A seringueira se consome em
vão,
ao jogo da Civilização
ou pecado original,
mercado, indústria, Ciência
irracional.
A borracha sangra, tortura
aquele pau, feito gonorréia,
que seu sangrar é pus branco
descendo em perene diarréia.
Marcos Satoru Kawanami